quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Filosóficamente falando...

Ora bem, eu tive Filosofia durante dois anos, e posso dizer que foi uma disciplina que me marcou muito, positivamente. Basicamente aprendi umas coisas, que gostava de partilhar aqui no blogue. Uma das coisas que mais me dava prazer nesta disciplina eram as reflexões escritas e os textos argumentativos. Hoje acabei de ver pela milionésima vez (terceira, mais precisamente) a trilogia do Matrix, e tendo-o visto após ter aprendido algumas coisinhas nesta disciplina, apercebi-me de que estes 3 filmes são filosóficos...pois é: realidade, sentido, questionamento, dúvida, pontos de vista, escolhas, procura, essência humana...

E hoje, apetece-me partilhar a reflexão que mais prazer me deu elaborar nesta disciplina. É um quanto extensa e, como tal, vou publicá-la em 3 partes (era para ser em 4, mas já que falei na trilogia do Matrix...)... e cá vai a primeira:


Finitude do Mundo e Temporalidade - Parte I

Ao olhar para o título deste trabalho, deparo-me com uma primeira questão, que já foi pensada por muitos cientistas e por muitas pessoas que se apercebem de pequenos detalhes do simples dia-a-dia: O que é o tempo? Pois, como podemos definir o tempo? Foi sempre igual? Esta dúvida servirá de suporte a esta reflexão sobre a finitude do mundo, que está associada à temporalidade.


O nosso dia-a-dia é regulado desde que o Sol nasce até que se põe. O tempo a que estamos habituados foi concebido pelo homem para ser uma rotina conveniente, pois até as horas podemos alterar conforme as estações do ano, e podemos atrasar ou adiantar um relógio uns minutos, sem que tal tenha qualquer influência em grande escala… Contudo, um relógio não nos dá um “tempo”, pois a informação que retemos dele é relativa à duração do dia, à organização deste feita pelo homem, com base nos estudos astronómicos e astrofísicos sobre a rotação da Terra em torno de si própria, e cujo período é aproximadamente 24h. Segundo Einstein, com a utilização dos relógios, não conseguiremos saber se o tempo flui mais d
epressa, ou mais devagar, se é constante ou variável. Os físicos e os químicos dão-nos uma definição do tempo: “O tempo é uma sucessão sucessiva de sucessos que sucedem sucessivamente sem cessar”. De facto, é uma definição verdadeira, mas não nos permite obter respostas sobre um passado, um presente e um futuro do tempo. Outro aspecto interessante sobre o tempo está relacionado directamente com a Astronomia. Numa noite escura de céu limpo, ao olharmos para os milhares de estrelas sobre a nossa cabeça, estamos de facto a visionar esses objectos como eles eram há milhares ou até milhões de anos atrás, e algumas dessas estrelas podem, até, nem sequer existir. Tal acontece devido à enorme distância que a luz tem de percorrer desde emitida pela estrela, até aos nossos olhos. Assim, ao olharmos para o Universo estamos a olhar para o passado, um tempo passado, diferente do nosso, em que tomamos o presente como referência. Quando procuram pistas sobre o desconhecido ou esperam que algum fenómeno aconteça, os astrónomos muitas vezes questionam-se: “Será mesmo possível prever uma coisa que já aconteceu?”.

O tempo, para além de universal, é, de facto sucessivo. É graças à existência do tempo que existe e existiu evolução. Os nossos primórdios guiavam-se exclusivamente pelo nascer e pôr-do-sol, até que, num tempo, eles evoluíram e desenvolveram as suas capacidades, raciocínio e criatividade, e começaram a interessar-se pelos fenómenos que ocorrem no mundo: os que conseguem explica
r e os que ainda não conseguiram explicar. Tal evolução permitiu a existência da dúvida, do questionamento e da procura pelo saber. O tempo, contudo, não é algo material, não pode ser visto, nem sentido, mas apenas pensado. É, portanto, um númeno, e é subjectivo. Há quem diga no seu senso comum “Estou velha, o tempo dá cabo de mim”, quando de facto essa pessoa sente apenas os efeitos da passagem e da “sucessão dos sucessos” do tempo.

A dúvida e o questionamento levaram o homem a reflectir e a imaginar sobre como será o seu futuro, que con
sequências do presente existirão no futuro, e quais as consequências deste fluir do tempo. O homem serve-se da ciência e da sua criatividade para tentar prever acontecimentos, e obter alguma pista sobre um possível fim do tempo, algo que lhe permita saber se a raça humana persistirá por muito mais tempo, ou se o desenvolvimento nas diversas áreas de estudo conseguirá adiar ou evitar essa extinção em massa…enfim, como será a finitude do mundo?

...Continua..........

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Parte II
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