sábado, 14 de agosto de 2010

Finitude do Mundo e Temporalidade - Parte II


Que certezas temos nós sobre a realidade que nos rodeia? René Descartes foi o primeiro pensar nesta pergunta, e afirmou, na sua célebre frase “Penso, logo existo”, que a sua única certeza é que nós, humanos, somos seres pensantes, capazes de reflectir, questionar e criticar. Considero que existem mais certezas na Natureza: tudo o que nasce há-de morrer um dia, há-de ter um fim, há-de acabar por se transformar ou por evoluir. Assim, nada permanece igual por muito tempo.

O mundo engloba o ser humano e tudo o que lhe diz respeito. O tempo diz, claramente respeito, ao ser humano. A finitude do mundo, tal como o tempo, e por enquanto, só pode ser pensada e prevista. Contudo, ao apoiarmo-nos em previsões sobre o futuro e fenómenos que ainda não conhecemos, não estamos a conferir validade nem credibilidade suficiente a um argumento, para ser aceite universalmente. Assim, como ter acerteza de que existe uma finitude? Como Lavoisier afirmou “Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. O fim de algo é uma transformação. A idosa que dizia “Estou velha, o tempo dá cabo de mim” sofreu uma transformação. Transformação essa ligada à temporalidade. Para responder à questão acima colocada, é necessário proceder a uma especificação baseada na previsão e na dedução, sobre as consequências do tempo no homem e no que a partir dele foi criado. Podemos ver que é complicado separar a finitude da previsão, uma vez que não temos a capacidade de conhecer o que ainda não vivemos, de uma forma universal, e de uma forma clara.

Começando pelo mundo sensível, das percepções e dos sentidos, o mundo ligado ao objecto e ao material, podemos inferir que, por exemplo, as construções e edifícios, e todo o mundo material criado pelo homem, um dia degradar-se-á, será esquecido, será destruído, fundir-se-á com a Natureza, transformando-se completamente até ser irreconhecível. Novas construções serão feitas para repor as antigas, mas, tal como no passado ocorreram e hoje ocorrem, por exemplo, fenómenos de erosão, meteorização, reacções químicas que alteram a forma das coisas, podemos induzir que o mesmo se passará no futuro. Os nossos sentidos influenciam a nossa realidade, aquilo que vemos, que ouvimos, nem sempre corresponde à verdade: quando olhamos através de uma janela, vemos as árvores ao longe num tamanho que não corresponde ao seu real tamanho, por exemplo. Tal como a finitude do mundo material se prende com o seu desaparecimento, a finitude de todo o mundo sensível está intimamente relacionada com o nosso próprio desaparecimento.

...Continua.........

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